Mesmo com dólar alto, ainda é possível viajar ao exterior.

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RIO – A recente valorização da moeda americana frente ao real está tirando o sono de quem quer aproveitar as férias de julho ou o fim do ano para viajar ao exterior. Afinal, o dólar comercial acumula alta de 1,12% em junho e de 14% no ano. Já no câmbio turismo, a divisa é negociada, em média, a R$ 4 nas corretoras de câmbio do Rio. Para que o momento de descanso não se torne uma fonte de aflição, especialistas recomendam: é fundamental ter planejamento e evitar atitudes impulsivas.

Para aqueles que já fecharam o pacote de viagem, mas ainda não compraram a moeda estrangeira, o planejador financeiro Thiago Nigro pontua que dividir a compra da divisa é a melhor alternativa para quem tem pouco mais de um mês para o embarque.

– A melhor alternativa, nesse caso, é dividir a compra em duas etapas. A primeira parte deve ser comprada neste momento, aproveitando certa estabilidade do dólar na faixa dos R$ 3,75. O restante, uma semana antes do embarque. Isso não garante que a pessoa pagará os menores valores, mas previne, de certa forma, uma surpresa desagradável a poucos dias da viagem.

Nigro ressalta que a alternativa mais em conta é a compra da divisa em papel-moeda. Mas considera interessante colocar alguma quantia no cartão pré-pago.

– O melhor é comprar dólar em espécie e nas corretoras de câmbio. Ao comprar no aeroporto, o turista paga um spread (diferença entre o custo do dinheiro para a instituição e o quanto ela cobra do consumidor na operação) bem alto, de quase 20% a mais. Mas, por questões de segurança, é aconselhável comprar uma parte da quantia no cartão pré-pago — explica Nigro. — Não existe uma divisão padronizada, porém, de uma forma geral, a separação pode ser de 60% de dólar em papel-moeda e 40% no cartão.

Já para quem tem mais tempo para o embarque, a recomendação é ficar atento às movimentações do mercado, explica a planejadora financeira Annalisa Dal Zotto:

– Como a pessoa tem mais tempo para a compra de dólar, é aconselhável fazer pequenas compras, nos momentos de estabilidade da moeda. Os cenários externos, com a tensão entre Estados Unidos e China, e interno, com a incerteza que cerca as eleições de outubro, deixam o mercado imprevisível. Então, é melhor comprar poucas quantias em várias ocasiões.

NÃO DEIXE PARA COMPRAR MOEDA NO DESTINO

Além disso, destaca Annalisa, outro ponto importante é evitar o uso de cartão de crédito no exterior. O primeiro motivo é a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6,38% sobre as compras feitas por esse meio em outros países. Além disso, relembra ela, o turista fica refém da cotação da data de fechamento da fatura, ou seja, pode ser até maior do que na ocasião da compra.

Alguns viajantes acreditam que é mais vantajoso comprar a moeda no país de destino. Os especialistas, no entanto, não aconselham esta modalidade.

– É um tiro no escuro – diz Nigro. – O turista pode chegar no país e encontrar um câmbio favorável, mas também pode se deparar com uma situação bem ruim. E não terá escolha: precisará comprar a moeda de qualquer forma. É melhor se antecipar e levar a quantia de casa do que ficar à mercê da sorte no exterior.

Para quem tem um prazo maior para embarcar, uma alternativa pode ser o fundo cambial. Nesse tipo de investimento, a pessoa compra cotas de um fundo que investe em moedas estrangeiras. É um tipo de estratégia para garantir o atual preço da moeda, explica Nigro.

Porém, é preciso estar atento à taxa de administração, que pode corroer os investimentos.

– Se o fundo cobrar taxas iguais ou superiores a 1% ao ano, não é vantajoso aplicar nessa modalidade, uma vez que os investimentos ficam comprometidos — diz Annalisa.

Uma dica essencial, frisa a planejadora, é não se apavorar com altas repentinas do dólar:

– É muito comum que as pessoas, ao se depararem com um cenário de acentuada valorização do dólar, entrem em pânico e comecem a comprar a moeda. Normalmente, após fortes valorizações, a divisa tende a se estabilizar. As chances de ser uma alta pontual são maiores do que as de uma valorização contínua. É fundamental esperar a turbulência passar para comprar a moeda.

A Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) indica que as vendas para a temporada de julho estão dentro do esperado para o período. Segundo a Abav, a alta do dólar, em geral, não impacta tanto o preço do pacote turístico, pois as agências e operadoras têm trabalhado com a moeda congelado na data do fechamento — quando o valor é convertido em reais e parcelado, a diferença acaba diluída. O impacto mais direto, ressalta, acaba sendo na expectativa dos gastos na viagem, como refeições, compras e despesas inesperadas.

Fonte: Jornal O Globo.

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